Entrevista: Spartan Warrior


Behind Closed Eyes, anterior álbum dos Spartan Warrior, já saiu para o mercado há oito anos. E os fãs deste coletivo britânico, um dos mais relevantes do NWOBHM, já ansiavam por um novo trabalho. Hell To Pay vem por em ordem a contabilidade, e, apenas com dois elementos da formação original, toda a magia dos Spartan Warrior continua aqui bem patente. Neil Wilkinson, um desses dois membros resistentes, guitarrista, aprofundou detalhadamente este intervalo de tempo e as motivações para que os Spartan Warrior continuem em alta.

Olá Neil, obrigado pela tua disponibilidade. Oito anos depois, aqui está o vosso novo álbum. O que aconteceu durante este longo intervalo de tempo?
Bem, demoramos muito mais do que o previsto devido a vários motivos. Suponho que um dos principais motivos é que todos nós temos vida fora dos Spartan Warrior - famílias, outros projetos, etc., por isso às vezes temos de trabalhar em torno dos compromissos das pessoas e gravar quando o tempo permite. Também decidimos gravar, mais uma vez, o álbum no meu estúdio em casa, o que associado aos compromissos e restrições, também surgem frequentemente muitas distrações. Junta a isso o facto de eu ser um guitarrista e não um engenheiro, o que significa que trabalho na forma de tentativa e erro, de modo que leva tempo. Inicialmente, decidi que tinha de haver uma melhoria em relação ao álbum anterior, pois houve uma grande aprendizagem em termos de gravação e foi óbvio que tive de atualizar alguns dos equipamentos para conseguir o que queria - novamente isso custa tempo e dinheiro e, infelizmente, ambos estavam em falta (risos). Também houve alguns problemas de saúde durante a criação deste álbum que obrigou a manter as coisas paradas durante um tempo. Para ser sincero, começamos o álbum e até já íamos avançados, mas destruímos tudo e começamos do zero – na altura foi uma decisão difícil, mas sinto que funcionou melhor. Além disso, como este álbum incluiu um novo line-up, sentimos que deveria representar como as coisas estão no presente e não o passado, portanto, as músicas são todas novas. Algumas foram feitas antes do line-up atual (Hell To Pay, Something To Believe In e Shadowland), mas o resto foi escrito enquanto gravamos. Portanto, com tudo isto associado, as coisas levem mais tempo do que gostaria.

Portanto, estas músicas são, na sua maioria, recentes?
As músicas de Hell To Pay representam o período a partir da conclusão de Behind Closed Eyes em diante. A primeira música que escrevemos foi Hell To Pay seguida de Something To Believe In e Shadowland. Talvez até Fallen tivesse sido começada. Isto aconteceu no final de 2010. O resto das músicas, com a formação atual, foram escritas à medida que íamos gravando o álbum. Sei que Behind Closed Eyes incluiu, propositadamente, algum material antigo porque queríamos mostrar de onde partimos e onde estávamos. Mas para este álbum, queríamos começar do zero a partir da reformulação da banda. Considero que uma banda é a soma das partes e queria que isso fosse representado dessa maneira. Embora as músicas sejam "novas", somos o que somos e, pessoalmente, acho que poderia colocar qualquer uma destas músicas em qualquer outro álbum dos Spartan Warrior.

Este é um lançamento da Pure Steel Records. Quando se associaram a eles como se proporcionou essa ligação?
A Pure Steel manifestou interesse em assinar connosco há muito tempo, talvez em 2012. Acho que foi um dos rapazes dos Salem, que assinaram com eles e numa altura enviaram uma mensagem a mim e ao Dave a dizer que alguém da editora estava a perguntar sobre nós. Nessa altura, o line-up atual estava junto mas só tínhamos algumas músicas escritas. Explicamos a nossa situação e a Pure Steel foi muito compreensiva e disse que sabia que estas coisas levavam tempo. Nós fomos escrevendo e gravando enquanto mantínhamos o contacto com eles, e quando terminámos, enviamos o álbum para a Pure Steel e para outras editoras. Tivemos sorte porque várias editoras se mostraram interessadas em o lançar, mas depois de muito pensar, decidimos assinar pela Pure Steel. Assinamos no final do ano passado, mas havia coisas como a capa e a masterização que nos trouxeram até hoje.

Durante este período estiveram apenas com os Spartan Warrior ou envolveram-se noutro projetos?
Pessoalmente, não me envolvo noutras coisas, embora tenha feito um solo, como convidado, no último álbum da outra banda de James, os Risen Prophecy, o que foi ótimo. Também fui convidado a fazer outras coisas para o meu colega Paul Britton dos Scarab que está a trabalhar noutro projeto, mas geralmente tenho o suficiente para escrever, produzir e gravar com os Spartan Warrior. O Dave não faz nada para além dos Spartan Warrior e o Tim também não. O James está envolvido em vários outros projetos, sendo o principal os Risen Prophecy e Dan tem carradas, incluindo tocar nos Vacivus e Cruciamentum. Se eu me quisesse envolver noutras coisas, provavelmente gostaria mais de gravar outras bandas do que tocar. Gosto de manter isso apenas para os Spartan Warrior.

A história classifica-vos como um dos nomes mais importantes do NWOBHM. E é possível verificar em Hell To Pay que mantêm bem viva essa vertente. Esta é a área onde, de facto, se sentem mais confortáveis?
Uau, é realmente lisonjeador pensar que tivemos algum tipo de importante contribuição, portanto, obrigado por isso. Em Hell To Pay, definitivamente continuamos a fazer o que sempre fizemos, mas tentando melhorar ao mesmo tempo. Eu sempre disse que nos Spartan Warrior não há nenhum plano para escrever de uma certa maneira. Apenas juntamos ideias e o que acontecer… aconteceu. Suponho que o que surge é o que naturalmente vem até nós e que, provavelmente, é onde estamos mais à vontade. No entanto, não estamos a tentar reinventar a roda, apenas fazemos o que gostamos de fazer e espero que outras pessoas também gostem!

Da formação original, apenas os dois Wilkinson’s permanecem. Como descreves esta aventura de continuar a levar esta banda para frente?
Sim, da formação original, só estamos eu e o Dave, mas como já disse, eu veja uma banda como sendo a soma das suas partes. Desde que funcione e a essência da banda permaneça intacta, não vejo isso como um problema. Embora estejamos apenas a fazer o que sempre fizemos, sinto que melhoramos musicalmente e, é claro, essa melhoria traduz-se em ideias. Assim, enquanto banda, estamos, definitivamente, a mudar, a evoluir especialmente porque os "novos" membros entendem do que se trata. Recentemente vi uma review a Hell To Pay, onde Walls Fall Down foi descrita como um clássico da NWOBHM. Essa música foi em grande parte escrita por Dan, que nem tinha nascido quando o NWOBHM surgiu. Isto é a prova de que tudo está a funcionar como deve ser. O negócio do costume enquanto avançamos. É claro que teremos que ver, também, como podemos promover a banda e a nossa maneira favorita é tocar ao vivo. Por isso, espero poder fazer isso.

Quanto à forma como preparam este disco, trabalharam da mesma maneira de sempre ou alteraram alguma coisa?
Não, nada mudou. Trabalhamos sempre da mesma maneira, geralmente a começar com um riff de guitarra a partir do qual improvisamos em torno dele. Por vezes tenho a ideia para uma música completa, mas, de qualquer forma, a música vem sempre primeiro. Mal esteja feita, Dave escreve a letra e a melodia. Uma vez tudo completo poderá haver alguns ajustes aqui e ali. Às vezes, enquanto estamos a gravar, experimento algumas coisas, mas se não funcionar, abandonamos. Como vês, é bastante direto e sempre foi assim. Em termos de gravação, também é praticamente como sempre foi - sem cliques, pois sentimos que isso tira o feeling e tocadas ao vivo. Quando surge um erro, prefiro fazer um novo take a partir do zero de que estar a juntar bits. Isso significa que é imperfeito? Bem, sim, para mim esse é o ponto principal.

Como foi o processo de gravação Hell To Pay? Correu tudo como planeado ou sentiram algum tipo de dificuldades?
Já falei nisso em algumas perguntas anteriores. Houve algumas dificuldades, mas diria que não é incomum ao gravar um álbum. Para mim, tratou-se de encontrar tempo para gravar, para além de atualizar alguns dos meus equipamentos e adicionar um tratamento acústico à minha sala para uma mistura mais precisa. O meu computador avariou e perdi algumas coisas que tiveram que ser refeitas. Alguns problemas de saúde também não ajudaram, mas isso é vida!

Tendo uma carreira com mais de trinta anos, onde encontras motivação para continuar a fazer música?
Diria que a motivação vem de diferentes fontes. Obviamente, vem de fazer algo que se gosta, e é por isso que começa com o tocar música, em primeiro lugar, mas que, para mim, engloba outros aspetos diferentes. Gosto de tocar, mas também gosto de escrever música e gravá-la, ou seja trabalhar no lado técnico. As tours também nos motivam muito. Gostamos de tocar ao vivo, porque assim também há oportunidades de se encontrarem velhos amigos e fazer novos, ou seja, todo o aspeto social que surge associado ao tocar. A música é uma enorme fonte de motivação para mim. Quando tudo está dito e feito, é tudo a respeito de divertimento e espero espalhar isso com tantas pessoas quanto puder. Diria que somos sortudos por poder continuar a fazer isto depois de todos estes anos.

Quanto a palco? O que tens projectado para este álbum?
Para este álbum ainda está em fase de planeamento. Estamos a conversar com os responsáveis sobre esta matéria. Tocar ao vivo é algo que é muito importante para nós e é algo que gostamos, portanto espero que tenhamos muitos espetáculos. Sei que estamos a trabalhar para ter algumas datas do Reino Unido e talvez continuar pela Europa continental. Também queria chegar à América do Sul e há anos que tenho tentado com que isso aconteça. Gostaria de pensar que isso acontecerá. Em suma, gostamos de tocar e queremos tocar. Assim, tenho a certeza de que haverá algo anunciado em breve.

Obrigado, Neil. Queres acrescentar mais alguma coisa?
Bem, embora Hell To Pay tenha demorado mais do que o esperado, agora que está terminado, espero que as pessoas gostem. Eu sei que posso falar por todos nos Spartan Warrior quando digo que gostaria de agradecer a todos os que nos apoiam há tanto tempo. Para nós, isso significa muito. Espero ver-vos a todos na estrada em breve.
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