Entrevista: Döxa

A existência dos Döxa tem sido um caos. Mas, entre alterações de line-up, paragens e recomeços e outros acidentes de percurso a banda espanhola já vai no seu terceiro álbum. E agora, promete Víctor Fernandez, teclista e principal mentor dos madrilenos, é para ficar! Lust For Wonder saiu na semana passada e o teclista falou connosco a respeito deste novo lançamento e do atual estado dos Döxa precisamente no dia de lançamento.

Olá Victor! Novo álbum, nova editora… Os Döxa estão a viver um momento de grande felicidade...
Podes crer! Não podemos reclamar. Estamos no nosso melhor momento e pensamos que isto continuará a crescer para melhor. Sentimo-nos muito agradecidos.

Começando pela editora, quando assinaram com a Pitch Black Records já tinham o álbum completamente pronto ou não?
Sim, tínhamos. Na verdade, o álbum foi gravado, misturado e masterizado no outono de 2016. A situação era que, naquela altura, não tínhamos certeza se íamos atuar ao vivo e começamos a negociar com algumas editoras. Depois, finalmente decidimos tocar ao vivo, mas encontrar bons músicos que se adequassem ao nosso estilo foi realmente difícil. Por isso houve muitos atrasos e, finalmente, assinamos pela Pitch Black Records e eles estão a fazer um ótimo trabalho. Estou a responder precisamente no dia do lançamento do álbum: 29 de setembro. Demoramos mais de um ano, mas valeu a pena.

Mas o que é certo é que vocês já não gravam nada desde 2013. Por quê?
Os Döxa sempre foram um pouco caóticos devido a problemas pessoais dos membros e colaboradores. O segundo álbum, Delenda Est Carthago, foi extremamente difícil de gravar. Também nos esforçávamos na nossa vida pessoal e estávamos cansados. Assim, quando terminamos as gravações em 2013, decidimos respirar durante 2014 e começamos a gravar Lust For Wonder em 2015. Demoramos o nosso tempo em estúdio e o álbum só ficou pronto em 2016. Como durante as gravações, éramos apenas um projeto e não uma banda, não tínhamos pressa e deixamos que tudo e todos mantivessem o seu próprio ritmo.

Mas também já tinham tido uma fase de paragem entre 2011 e 2012. O que aconteceu nessa altura?
Aconteceu o caos (risos)! Agora a sério, nos anos de 2010 e 2011 tentamos começar do zero com outro line-up, com outros músicos diferentes dos colaboradores que gravaram o nosso primeiro álbum, Once… And For All. Mas a banda não progrediu tanto quanto eu queria com essa formação, então simplesmente desisti e voltei para a ideia do projeto de estúdio.

Este novo álbum traz, portanto, uma nova vida e uma nova alma para os Döxa?
Absolutamente. Desta vez, estamos aqui para ficar. E ficar por muito tempo como uma banda verdadeira. Acreditamos, de facto, que a música deste terceiro álbum é a mais otimista que já gravamos, embora não possa dizer que tocamos happy metal. Esse otimismo é o reflexo do que sentimos agora. Começamos uma viagem e sentimo-nos confiantes a respeito do que está por vir. Vamos ver o que nos espera!

No que diz respeito a Lust For Wonder, este é um álbum onde os Döxa mostram muitas facetas. É o culminar das vossas experiências anteriores ou o desejo de explorar novos sons e arranjos?
A nossa composição é extremamente espontânea e nunca forçada. Não planeamos nada. Simplesmente deixamos que as músicas cresçam. Às vezes, é um verso que se fixa na nossa mente. Às vezes, são as letras. Às vezes, é um riff. Nós não somos o tipo de pessoas que se sentam no computador ou ao piano e dizem "vamos escrever uma música". Como nada é planeado, diria que é mais como um culminar das nossas experiências anteriores. E essas experiências anteriores podem levar muito tempo para amadurecer. Isto é: algumas das músicas de Lust For Wonder são relativamente novas, mas outras ... as primeiras demos são de 2011!

Como se desenrola a composição nos Döxa para cruzar tantas paisagens diferentes?
Estamos felizes por teres utilizado essa palavra: paisagem. Para nós, cada música é um pouco uma paisagem e a aparência da paisagem depende do que desejas comunicar. Para nós, a música é comunicação, ou se preferires, uma forma de expressar algo aos outros. Se quisermos comunicar alegria ou uma gargalhada, a música com certeza irá parecer teatral e esfusiante. Além disso, fingimos viajar por essas paisagens, por isso, com a nossa música queremos incutir esse sentimento nos nossos fãs. Viajar, claro, para lugares distantes e maravilhosos, porque somos esse tipo de gajos que sonham acordados. Nós não tocamos metal para falar sobre o preço do petróleo!

Como decorreu a experiência no processo de gravação?
Comparado com os álbuns anteriores, foi uma explosão, mesmo considerando que o processo nos levou um ano inteiro. Somos mais experientes, é claro, e isso é importante. Também tivemos toneladas de material para escolher, de modo que também foi uma vantagem. Tudo foi muito soft. E divertimo-nos como nunca tínhamos feito antes num álbum de Döxa. Acreditamos que o prazer pode ser notado. O álbum inteiro é uma explosão de energia e vibração, mesmo que uma vaga melancolia possa ser encontrada na maioria das faixas. Mas isso é talvez porque estou nos meus trinta e poucos anos (risos).

O press release que acompanha o álbum mostra-nos um quarteto. A vossa página de Facebook mostra um sexteto. Quem são os novos membros?
Primeiro, os ex-membros - e amigos - gravaram o álbum. Mas ambos os Dani's estão extremamente ocupados com as suas próprias bandas como Last Days of Eden, Darskun e Reveal e a Rita deixou os Döxa em junho de 2017 devido a problemas pessoais. Portanto, recrutamos um grupo de grandes músicos, bem conhecidos na cena musical espanhola e decidimos avançar para palco e, finalmente, ser uma banda verdadeira. Agora temos Vanessa Nane nos vocais, Juanjo Alcaraz e Sebas Orjuela nas guitarras, Juanje Rama no baixo, Miguel Fernández na bateria e, finalmente, como sempre (eu sou difícil de matar!), Víctor Fernández nas teclas. Começaremos a viajar pela Espanha em novembro e, durante o ano de 2018, há possibilidades de irmos ao estrangeiro. A propósito: o Brasil seria fantástico!

Também te ia perguntar a respeito da vocalista que atualmente já não é a mesma que gravou o disco, certo?
Sim. Certo. A Rita deixou os Döxa em junho e foi extremamente dolorosa para ambos, porque não somos apenas companheiros de banda, mas também amigos íntimos. Não foi uma decisão fácil, digo-te, mas ela está a lutar muito numa situação pessoal pelo que tive que aceitar a sua decisão. Mas agora contamos com Vanessa Nane, que de facto foi a vocal coach de Rita! Ela adorava a ideia de cantar connosco, de modo que foi muito bem-vinda como nova vocalista dos Döxa.

Quanto aos convidados, contam com a participação de David Readman e Ani M. Fojaco. Como se proporcionou essa cooperação?
Ani também é uma amiga minha. Ela até cantou no primeiro álbum em 2009! Por isso, não podia dizer não e, claro, adora o que fazemos. Ela está ao mais alto nível em The Stormseller e em Annabel Lee, que de facto, foi especificamente escrita para ela como resultado de uma aposta (mas essa é uma longa história que também será contada...). Quanto a David Readman aconteceu quase que por acaso. Estávamos a ouvir algumas pré-misturas de Erin Go Bragh cantadas por mim e um amigo surgiu com a ideia: “por que não tentar o David Readman? Ele poderia fazer isso muito bem!". Nós adoramos desafios, por isso entramos em contacto com ele através de amigos comuns e quando lhe enviamos a faixa, ele gostou da música e gravou os vocais no seu próprio estúdio em casa. Nós, como fãs de David, não poderemos estar mais felizes.

O disco saiu muito recentemente, mas já há algo planeado para uma tournée?
Sim, vamos começar a tournée no final de novembro e vamos fazer shows em Espanha. Para 2018, há muitos planos que não consigo revelar de momento, mas se tudo correr bem, haverá muitos espetáculos. Estamos a trabalhar arduamente para conseguir os melhores espetáculos possíveis e estamos confiantes de que os fãs vão adorar o nosso material tocado ao vivo. Nós escrevemos sempre as nossas músicas com o show ao vivo em mente.

Muito obrigado Víctor! Queres acrescentar mais alguma coisa?
Foi um prazer! Não se esqueça de verificar os nossos sites: Facebook @ Doxaspain, Twitter @Doxametal e www.doxametal.com. Stay metal e continuem à procura de maravilhas!

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