Os Leviathan
são um dos nomes mais importantes do cenário prog do Colorado. Depois de alguns anos de ausência regressaram a
partir dos Braver Since Then, coletivo que curiosamente haveria de estar na
origem do título genérico deste novo trabalho. Um emotivo John Lutzow (guitarras,
teclados) falou-nos de muita coisa: desde os erros do passado até à
criatividade latente neste novo trabalho.
Olá John!
Obrigado pela tua disponibilidade. Este é o vosso segundo álbum depois do
regresso! Como está a química dentro da banda, atualmente?
A química dentro da banda é muito
boa. Jeff, Deke e eu somos bons amigos. Nós representamos o núcleo do grupo. Temos
trabalhado com muito poucos bateristas ultimamente, mas nada é permanente.
Quando tocamos ao vivo e em tournée também
levamos um outro guitarrista para nos ajudar a preencher o nosso som.
Beholden
To Nothing, Braver Since Then. Porque um nome como este?
John e Deke tinham um projeto chamado
Braver Since Then, pouco antes da nossa reunião... alguma coisa a ver? A
primeira parte do nome tem um enorme significado para o tema do álbum. É uma
linha inspirada do livro To Kill a
Mockingbird. É uma passagem em que o livro fala do verdadeiro significado
da coragem. Esse traço de caráter é muito importante na minha vida. Também
combina muito bem com o nome Braver Since Then. O conceito geral do álbum era
fundir as minhas duas saídas musicais. Não há sentido em manter a minha
produção criativa dividida em vários grupos. Este álbum é o casamento de
Leviathan e Braver Since Then.
Como descreverias
este novo álbum?
Descrevê-lo-ia como Progressivo na
sua essência. Na minha perceção, nós aventuramo-nos muito mais para outros
estilos musicais e expressões criativas do que a maioria dos grupos progressivos
ousa fazer. A parte difícil da liberdade criativa é quando chegas a esse lugar
estás, inevitavelmente, sozinho. O que espero é que certos elementos do álbum atinjam
todos os fãs de música e não apenas de metal
ou estilos progressivos.
E a respeito
das letras? Quais são os principais temas?
Os principais temas líricos neste álbum
lidam com lutas básicas da sociedade moderna, questões como a disparidade de rendimentos,
os criminosos corporativos, as liberdades pessoais, perda de entes queridos e,
claro, religião. Cerca de metade das canções foram escritas há muitos anos
atrás, quando eu estava na Universidade. O resto foi escrito no último ano.
Portanto, há uma grande mistura de temas e emoção.
Há também uma
série de partes narradas. Parece ser uma banda sonora de um filme. É isso? É um
álbum conceptual?
Como disse antes, todo o álbum é um
conceito muito próximo de mim e da minha vida musical. Aproximei-me desde o
início como se fosse a minha contribuição final. Pensei que precisava para
fazer uma declaração e de me redimir a mim e ao nome Leviathan. Queria fazer um
álbum no qual pudesse sentir motivo de orgulho e saber que não deixava nada
fora. A temática da religião poderia ser considerada um único conceito. Quanto
aos diálogos, eles foram sempre o meu toque pessoal. Os filmes são o meu hobby. O uso de diálogos surgiu como uma
solução para o meu dilema sempre presente de vocalista. Eu ia escrever um guião
sobre o que eu queria dizer e passar incontáveis horas a procurar diálogos em
filmes e na televisão para falar por mim. Gostaria de os editar todos para
criar um pensamento coeso. Os meus dois primeiros álbuns a solo com os Braver
Since Then são todos instrumentais com diálogos a contar uma história. Foi aqui
que se formou o meu reconhecimento artístico. Para quem é fã de Leviathan, essas
peças instrumentais com diálogos tornaram-se na minha marca registada. Outras
bandas usam diálogos, mas acho que ninguém a levou ao extremo e o fez de uma forma
tão singular como nós.
Podes falar
um pouco desse épico que é Religion: Superstition, Imposed Tradition
&
Spiritual Crutch of Human Crux?
Fiquei profundamente intrigado com o
conceito de religião e a necessidade humana de acreditar em algo. Estudei um
pouco as religiões do mundo e quanto mais sabia, melhor me apercebi como as ideias
e conceitos simples foram manipulados ao longo da existência humana.
Então e se o
diabo não existisse?
Deus também não existiria. Este foi um
conceito que me surgiu uma noite. Se pudesses de alguma forma refutar a
existência do mal no seu estado espiritual, todos os outros aspetos do criador
seriam nulos.
Vários
convidados colaboraram convosco neste álbum. Como surgiram essas oportunidades?
Estou muito grato a todos os amigos
que ajudaram neste álbum. Tenho imensa sorte em conhecer talentos incríveis
através da Colorado Symphony. Eu namorava uma rapariga que era violinista. Ela
trouxe muitos dos seus amigos para as partes orquestrais do álbum. Chris
Lasegue veio para oferecer um novo elemento de trituração para o álbum. Conheci
-o através de Jason Boudreau quando tocamos juntos nos Tyrant’s Reign no final
dos anos 80. Jason também contribuiu com um solo para este álbum.
Depois de
alguns problemas com editoras, vocês criaram o vosso selo, Stonefellowship Recordings. Foi o passo certo para vocês?
Para ser completamente honesto, acho
que nenhuma das escolhas que os Leviathan fizeram ao longo dos anos no que diz
respeito a editoras e imprensa foram tratadas adequadamente. Lamento as escolhas
que fizemos, mais especificamente a impaciente e egoísta influência que nos
empurrou para dentro. Eu gostaria de poder voltar no tempo e optar por ficar
com algumas das editoras com que trabalhei. Gostaria também que Ron e eu não tivéssemos
sido tão gananciosos ou exigentes quando recusamos algumas das ofertas de
editoras. Na época, não sabíamos mais. Eramos mudos, miúdos arrogantes a tentar
manter a nossa liberdade criativa. Leviathan sempre foi um grupo orgulhoso,
nunca nos permitimos contentar com nada menos do que precisávamos para entregar
a nossa música ao mais alto nível. Ao iniciar o nosso próprio selo achamos que
não tínhamos nada a perder. Sempre fomos lixados por editoras portanto, sentimos
que não tínhamos outra escolha a não ser começar a nossa própria marca.
Qualquer miúdo com um computador pode gravar um álbum e formar a sua própria
marca. A distribuição digital está acessível. Tudo que precisas são pessoas que
comprem a tua música e está feito.
Deixa-me
dar-te os parabéns pelo excelente artwork.
Quem foi o responsável?
O artwork
dos meus três últimos projetos foi feito pelo nosso amigo e colega de banda
Martin Schroeder da Alemanha. Ele tanto é um membro da banda, como um barómetro
criativo, gestor e financiador. Sem ele, eu teria desistido da música há muitos
anos. Ele tem-me mantido numa luta para a frente. Ele nunca me deixa ficar pelo
primeiro take…
Têm algum
vídeo para este álbum?
Sim, temos um baixo orçamento, mas
temos algumas representações artísticas no nosso canal no Youtube. Quero tentar fazer um vídeo profissional para a canção Intrinsic Contentment.
Projetos para
os próximos tempos? O que têm em mente?
O meu foco musical principal agora é
um álbum acústico de fusão. Vai ser uma coleção de temas modernos de guitarra.
A ideia surgiu ao visitar muitos clubes de jazz
e restaurantes espanhóis no centro de Denver. Pela primeira vez na minha vida sinto
que uma ideia minha tem potencial para ganhar o reconhecimento local e algum
nível comercial de sucesso. Estou a trabalhar nesse projeto como um trio de
guitarra com Jason Boudreau e Chris Lasegue. Temos todas as canções escritas e teremos
o álbum concluído até o inverno de 2014. Este álbum conta com flamenco,
clássico, jazz, folk, blues, world e forte influência progressiva. A
nossa meta estilística é grupos do passado como Rodrigo Y Gabriella . Este
grupo é muito popular em Denver.
Bem John, foi
um prazer conversar contigo. Queres acrescentar mais alguma coisa para os
nossos leitores ou para os vossos fãs?
Obrigado por me teres dado esta
oportunidade de falar sobre a minha música. Realmente aprecio a tua ajuda. Se
alguém aí fora sentir curiosidade, visite www.leviathanresurrected.com. Se
gostarem da música, por favor, ajudem-nos através da compra de um álbum ou dois
na nossa loja. Aqueles que estiverem em posição de nos ajudar, por favor, façam
com que os Leviathan possam ser incluídos em festivais, tours ou club shows. Estamos prontos para tocar jogar
em qualquer lugar.
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