Entrevista: EnChanTya

Depois da pausa criada na carreira das Black Widows, Rute Fevereiro voltou à carga em 2004 com um novo coletivo: EnChanTya. Após 8 anos a cimentar uma posição dentro do seu género, a banda vê, finalmente, o seu primeiro longa duração publicado através de uma das mais importantes editoras europeias, a Massacre Records. Um reconhecimento pelo valor e empenho posto por estes excelentes músicos na criação de um conjunto de temas que são o reflexo da individualidade de cada um. Rute Fevereiro, uma personalidade do metal feminino feito em Portugal, respondeu a Via Nocturna. 
 
Olá, viva! Obrigado por acederes responder a Via Nocturna. Após alguns anos a lutar no underground, finalmente o vosso primeiro álbum. Qual é a sensação dominante no seio dos Enchantya?
Olá. A sensação foi de ver reconhecido o nosso valor como banda e a nossa música. É uma grande alegria acompanhada por uma responsabilidade de fazer cada vez melhor.
 
E logo para estreia, um trabalho com o selo de qualidade da Massacre. Como se proporcionou esta ligação a uma das mais importantes editoras europeias?
Na realidade antes da Massacre Records mostrar interesse tivemos outras duas respostas afirmativas de outras editoras, uma de Portugal e outra também internacional. Mas sem dúvida que trabalhar com a Massacre Records nos pareceu bastante aliciante. Nós mandámos 13 Cds para a Alemanha e recebemos a proposta do contrato. Termos tido um feedback afirmativo logo nos primeiros CDS que mandámos foi sem dúvida recompensador pelo nosso trabalho.
 
De facto, tu tens já um currículo internacional bem relevante. Essa acaba por ser uma mais-valia para mais pessoas ouvirem Enchantya ou não?
Posso ser subjetiva por ser eu a responder a esta entrevista, mas o meu percurso na música e no meio do metal é algo que já tem alguns anos. Penso que aprendi muito, e tentei sempre dar o meu melhor e ainda tento. Sentir que as pessoas associam a banda ao meu nome e que isso é uma mais-valia é algo a nosso favor sem dúvida.
 
Por falar em currículo, achei curioso o do baterista João Paulo Monteiro com uma forte ligação à música clássica. Como surge ele nos Enchantya?
O João entrou para EnChanTya em 2007 após a saída do baterista Ricardo Reis. Fizemos imensas audições pois o nosso género musical exige um excelente baterista e eis que aparece o João com os temas escritos em pauta! E claro que ficou.
 
Debrucemo-nos agora mais sobre Dark Rising. Este é um álbum que pode ser considerado como bipolar. Há momentos bem catchy e outros realmente heavy. Como é feito esse balanço no processo de composição?
Excelente expressão: bipolar! Na realidade Dark Rising fala em termos de letras em irmos para dentro de nós, olhar para o nosso interior, sabermos ver quem lá está com as experiências que a vida nos dá e essencialmente a dor, porque aprendemos mais com a dor. Todas as pessoas têm esses dois lados, o da doçura e o da raiva. Resta saber qual o que preferimos que domine na nossa filosofia de vida. A nível de composição musical, na realidade todos nós gostamos de muitas bandas com sonoridades bem distintas e isso acaba por transparecer no que tocamos.
 
Então, podemos considerar que existe algum conceito subjacente a Dark Rising?
Dark Rising é sobre morrer e renascer das nossas cinzas. Não é uma morte física, é morrer por dentro, ser obrigado a abandonar os velhos padrões de vida e aprender a viver outra vez com mais força, com gratidão, com perseverança de se conseguir aquilo que se quer. Há porém alguma nostalgia subjacente ao que se deixa para trás quer a nível de experiências de vida ou desejos, e isso dá um toque mais dramático ao álbum.
 
Uma dúvida que tem existido é quem será o responsável pelos guturais. Também são da tua responsabilidade certo?
Sim, sou eu.
 
Como decorreu o processo de gravação? Sentiram algum tipo de dificuldade em especial?
Foi um processo mais longo do que esperávamos pois demorámos muito tempo na pré- produção. Mudámos de estúdio de gravação pelo meio até que fomos gravar com o Fernando Matias nos Estúdios The Pentagon Audio Manufacturers e recomeçámos a gravar o álbum lá e foi muito recompensador.
 
As reviews um pouco por todo o mundo têm sido positivas. Como estão a encarar esta situação?
Com muito entusiasmo e cheios de vontade de acabar o sucessor de Dark Rising. É interessante ler as críticas porque quando são construtivas há sempre algo que podemos aprender ou melhorar no futuro.
 
Sendo certo que o female-fronted metal já esteve mais ativo e, principalmente, já cativou mais gente, o que têm, na tua opinião, os Enchantya de diferente para oferecer?
Nós achamos que o absoluto contraste melódico, rítmico e vocal (neste caso cantados por uma única pessoa) são convidativos a ouvir EnChanTya. Não estamos preocupados em tocar este ou aquele género musical e apenas em tocar e compor o que gostamos e sentimos.
 
Como estamos em termos de concertos?
Dia 16 de novembro no Cine Incrível, em Almada, pelas 22:30 temos o nosso concerto de lançamento do Dark Rising. É um concerto que conta com a participação especial do Claudio Panta Nunes dos Corvos, o Tear dos Desire, o Luís Fernandes que gravou e compôs teclados no Dark Rising e as bailarinas da Academia de Dança Paula Manso. É de salientar que uma percentagem de cada bilhete vendido deste concerto são para apoiar o tão conhecido Cameraman Metálico que lá estará também para registar o concerto.
Tu (e eventualmente outros elementos) continuas com a participação noutros projetos? O que há de novo neste particular, atualmente?
Eu estou a preparar uma surpresa para 2013 a nível de um projeto que tenho em mente. Quanto ao João ele toca em Mons Lunae, Artworx e Everdream e o Bruno Prates tem o seu projeto a solo Darkoctober e também os Everdream.
 
A terminar, querem acrescentar algo mais para os nossos leitores e também para os vossos fans?
Agradecemos o imenso apoio que temos tido e esperamos contar convosco para o Concerto de dia 16 no Cine Incrível.

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